Como a esquerda francesa perdeu o Norte
- A campanha vitoriosa às legislativas 2017 do movimento político criado pelo presidente recentemente eleito Emmanuel Macron fez vítimas da esquerda à direita;
- No entanto, os partidos tradicionais da esquerda francesa nunca estiveram em um tal estado de fragilidade política;
- O Partido Comunista Francês (PCF), desde os anos noventa, não representava a força parlamentar incontornável dos chamados “30 Gloriosos” – uma referência a este período de pleno emprego entre a liberação e a primeira crise do petróleo, em 1973, e que afetou a competitividade da industria francesa desde de o ano seguinte;
- O Partido Socialista (PS), liderado pelo falecido presidente François Mitterand à partir de 1971, entre os anos 80 e 2012, em aliança com parceiros de centro-esquerda minoritários, soube ser um contrapeso constante à direita republicana por quase quarenta anos;
- Em 2017, à míngua à esquerda se fez geral no conjunto do país;
- Contudo, no norte do país, o Waterloo socialista, principalmente, e comunista foi, não só patente, mas simbólico de uma perda de influência destes dois partidos e do cume de uma progressiva desintegração da base política que permitira, por décadas, à esquerda francesa ser majoritária na região geográfica conhecida como Nord-Pas de Calais;
- Dos 33 assentos de deputados nacionais atribuídos ao extremo norte da França, apenas cinco permanecem à esquerda e, destes, dois foram vencidos pelo Partido Comunista no segundo turno das legislativas de 2017;
- As razões para esta derrota acachapante são muitas – no centro de tudo esta o fim do modelo industrial iniciado no século XIX;
- A desindustrialização, cujos prenúncios datam da crise do carvão nos anos 1960, desagregou o eleitorado de origem operaria e, lentamente, levou à uma crise de representação política com efeitos eleitorais diversos;
- Mas todos produziram um mesmo resulto: o alijamento do PS e do PCF das esferas de decisão do poder politico local, regional e agora da representação nacional;
- O golpe final, embora sentido em junho de 2017, foi dado pela crise migratória no centro da qual se encontra a cidade de Calais;
- Percebida como mal gerida desde o começo, a chegada, aos poucos primeiro, em massa depois, de refugiados ao Calaisis corroeu de vez as bases que ainda garantiam um domínio do PS e do PCF na região;
- A Perda de influência abriu espaço para a volta da direita moderada e para o inicio do “enquistamento” do Front Nacional no centro da dita “Bacia Mineira” ou do Carvão;
- A Esquerda perde o Norte: Uma sério de verão (francês) para fazer o balanço final de uma seqüência política fora de serie
Dia 18 de junho. É quase verão na França e o calor derretia o pais por quase uma semana. Neste inicio de estio o eleitor francês, escaldado pelo sol e civicamente exaurido pelos inúmeros pleitos organizados entre 2016 e 2017 – dois turnos de primarias à direita, à esquerda, presidências, legislativas – busca esquecer à refrega eleitoral e volta o pensamento em direção do “farniente” anual que as férias remuneradas lhes dá o direito de gozar – desde 1936 durante o governo da união das esquerdas liderado por Léon Blum. Um ano em que a estação quente nunca fora tão veranil para os trabalhadores e que resta inconclusa para todos
No entanto, mesmo que já tomados pelo fastio do voto frequente, os futuros veranistas da nação foram convidados a se manifestar, através da cédula, mais uma vez. O segundo turno das eleições legislativas na França se deu sob um calor intenso, úmido e implacável. A lassidão eleitoral do francês, aliado à esta onda de calor excepcional, levou o eleitor à praia, ao parque e às margens fluviais em maior número que às seções eleitorais do país. Desde 1958, ano que viu nascer à Vª República ainda em vigor, a abstenção nunca fora tão alta em um segundo turno decisivo como este de 2017. 57,4% de “pescadores”, como são chamados, jocosamente, os abstencionistas por aqui. Um recorde.
Os primeiros resultados confirmaram a revolução política iniciada por Emmanuel Macron, quando este jovem e inexperiente dirigente politico venceu as presidências, à frente de um movimento ultra-centrista fundado há menos de um ano. A chapa La République en Marche (LREM), sozinha, extraiu do pleito 307 assentos dos 577 que conta a Assembléia Nacional. Para muitos, nada menos que um milagre.
A nova “revolução francesa”, como a chegada do centro ao poder – após 3 décadas de derrotas – é vista por uma parte da imprensa local e da classe política nacional, produziu efeitos potencialmente re-estruturantes. Entre os eleitos vindos da sociedade civil, membros do movimento presidencial, as outras dezenas de deputados eleitos pela primeira vez à um assento de deputado, a Assembléia Nacional Francesa conheceu uma renovação poucas vezes registrada.
75% dos parlamentares eleitos para a Câmara Baixa do Congresso nunca detiveram mandato nacional. 39% de deputadas, um progresso e um percentual inédito. 30 deputados Socialistas, eles raramente foram tão poucos no seio do Hemiciclo Francês.
Entre estes efeitos vividos como um cataclisma por certos líderes – a contra performance do PS levou à renúncia o secretário geral deste partido – está a composição das bancadas de dois departamentos do extremo norte – departamento: unidade administrativa francesa inexistente na União Brasileira.
No Norte, o resultado explica o naufrágio
Por exemplo: o eleitor, nesta noite de domingo de apuração, também descobrira que o Front National (FN) obtivera uma bancada composta de 8 deputados eleitos. Um recorde, em modo majoritário, sob a Vª República. Muito embora uma aparente façanha, este resultado, correspondeu à uma vitoria relativa, até mesmo decepcionante, se comparado às ambições iniciais nutridas pela formação política extremista.
Mais surpreendente, no entanto, é a origem dos novos legisladores ultra-nacionalistas: A metade – da candidata mal sucedida à presidência da República Marine Le Pen à outros três de seus asseclas – é proveniente do departamento do Pas de Calais. Um símbolo.
A esquerda tradicional, que, em legislaturas passadas, já deteve à totalidade dos postos no Pas de Calais e a maioria esmagadora nos dois departamentos do extremo norte da França se encontra com apenas dois deputados eleitos. Dois comunistas no Norte. Um Massacre.
Com certeza, o extremo centrismo das tropas de Emmanuel Macron ajudou a enterrar o socialismo exposto à dupla competição – à esquerda, pelos candidatos da France Insoumise (FI) de Jean-Luc Mélenchon, e à direita pelos candidatos investido pelo movimento presidencial République en Marche. No entanto, a esquerda moderada ou radical do passado perdera o norte bem antes de perder o Norte.
O encolhimento foi progressivo. O forte indice de desemprego imposto pela desindustrialização profunda desta região que fora intrinsecamente ligada à atividade mineira em particular e industrial de modo geral, o clientelismo e a corrupção de barões políticos locais e a pauperização geral que o acúmulo destas chagas sócio-econômicas e políticas geraram à lenta mais inexorável erosão da base política que enviava à Paris, por décadas, majoritariamente socialistas e comunistas ao Parlamento Nacional.
Desde os anos 60, o apogeu e o fim de um ciclo
Como escreveu o professor de historia na Universidade Regional da Costa de Opala, no norte da França, Laurent Warlouzet, em uma publicação coletiva que trata da historia política do Nord-Pas de Calais, “O Norte da França esteve em uma situação paradoxal durante os Trinta Gloriosos, estes anos de crescimento rápido (4% à 5% do PIB de média anual) de baixo desemprego que duraria de 1944 à 1974. Grande potência industrial, à região esteve no centro da reconstrução imediatamente após o final da IIª Guerra. Cerca de 15 anos mais tarde, no entanto, os setores na base da prosperidade regional, desde o século XIX, vacilam, o que motiva a implementação de uma política de reconversão (econômica e profissional) desde os anos 1960″.
Le Nord de la France est dans une situation paradoxale pendant les Trente Glorieuses, ces trente années de croissance rapide (4 à 5 % par an en moyenne) et de chômage faible qui durent de 1944 à 1974. Puissance industrielle majeure, la région est au cœur de la reconstruction dans l’immédiat après-guerre. Une quinzaine d’année plus tard toutefois, les secteurs de base de la prospérité régionale depuis le XIXe vacillent, ce qui motive la mise en place d’une politique de reconversion dès les années 1960.
Histoire des provinces françaises du nord 1914-2014 – Laurent Warlouze
Os dados que demostram a pujança industrial e sua importância social e o subsequente declínio são abundantes. A população do Nord-Pas de Calais, como já se sabe, é enormemente penetrada pela presença operária.
Basta lembrar, por exemplo, que em 1962, 52% da população ativa trabalha para a industria nordista de então e que este percentual ainda é de 48% em 1974.
Não só a mina, que emprega 50 por cento dos trabalhadores industriais em 1962, mas o setor têxtil, a siderurgia pesada, a construção naval e o agro-alimentar completam o dispositivo. Um testemunho da diversificação econômica de uma região que soube tirar grande proveito dos “Trinta Gloriosos”.
Esta época, vista hoje como idílica por aqueles que a conheceram, durante o apogeu, fez do Nord-Pas de Calais o segundo centro econômico da nação. Nos anos Cinquenta, os departamentos da “Bacia Mineira” ou do Carvão foram responsáveis por até 9,1% do produto interno bruto. Apenas atrás, à época, dos cerca de 24% de participação no PIB do departamento de Île-de-France onde se localiza à capital, Paris.
A prosperidade trouxe ainda grande urbanização e concentração à região. Por todo o período, o Nord-Pas de Calais mantivera o terceiro lugar entre os territórios da nação em número de habitantes – cerca de 3 milhões. Ao mesmo tempo, esta demografia estava distribuída, essencialmente, em meio urbano – 70% em média instalada nas cidades do norte durante os “Trinta Gloriosos”. Uma população de origem majoritariamente operária fez dos dois departamentos cidadelas “Vermelhas” como eram conhecidos os municípios, bairros e povoados onde o eleitorado de esquerda se concentrava.
O pleno emprego, um regime social e salarial vantajosos e acima da média nacional e uma identidade, e até mesmo um orgulho, de classe – elementos estruturais que construíram o equilíbrio e a estabilidade na política local por mais de cinquenta anos de domínio socialista e comunista do Nord-Pas de Calais.
Contudo, a crise da mina nos anos 1960 e a primeira recessão do pós-choque do petróleo de 1973 vão erodir, paulatinamente, as bases desta estrutura que garantiu o poder à esquerda até as últimas décadas do século XX.
Em oito meses Calais passou de 2 mil à 6 mil migrantes
A crise migratória que vive a Europa fez da cidade de Calais um funil entupido pelo controle aduaneiro entre a França e o Reino Unido. As varias guerras civis no norte da Africa no Oriente Médio – em especial a sangrenta batalha pelo controle da Síria que se arrasta por mais de cinco anos – levou à um aumento exponencial do número de migrantes que realizaram a travessia do Mediterrâneo à partir de 2013 com um pico de mais de um milhão de pessoas acolhidas nas costas europeias no ano de 2015.
Segundo os dados do gabinete do primeiro ministro Édouard Philippe, nos primeiros seis meses deste ano, 85 mil migrantes atravessaram o Mediterrâneo. Um numero expressivo mas bem mais modesto.
Esta evolução – de 22,5 mil viajantes recebidos na Europa em 2012 à mais de 1 milhão em 2015 – se fez sentir na cidade de Calais. Entre os meses de março e outubro de 2015, a população de refugiados e outros migrantes estacionados nas adjacências desta cidade que é um portal entre a França e o Reino Unido passou de 2 mil à 6 mil. Hoje eles são entre uma e três centenas.
Na maioria, como explica um recente estudo publicado pela fundação Fondapol ligada ao instituto de estudos em ciência política e jornalismo SciencePo de Paris, estes “clandestinos”, na maioria oriundos das antigas colônias e protetorados do Império Britânico, se dirigem à Calais na esperança de atravessar o canal da Mancha e ganhar o solo inglês.
Calais é o ponto mais próximo entre a costa de Opala na França e o arquipélago do Reino Unido. Por esta razão, a cidade que é o “Oiapoque” francês e que fez parte do Reino Inglês por mais de 200 anos entre os séculos XIV e XVI, detém as principais infra-estruturas de transporte permitindo a travessia – embocadura do Eurotunel sob o canal da Mancha, desde 1994, e maior porto de ferry boat da costa Norte do pais.
Por causa desta abundância de meios de passagem calais se tornou a destinação de todos os refugiados e outros tipos de migrantes em busca do eldorado inglês. Já nos anos 1990 uma centena de viajantes, atraídos pela novidade do Eurotunel, se fixaram nas proximidades da entrada da via subterrânea esperando poder embarcar em direção à ilha vizinha.
Devido ao fato de que o Reino Unido nunca aderiu ao tratado de livre circulação em vigor entre os países da União Europeia, o acesso legal e automático lhes é negado. Alternativas clandestinas existem mas exigem paciência e tenacidade da parte dos candidato à travessia da Mancha. E, principalmente, a fixação nos entornos das estruturas de transporte da cidade de Calais.
Da centena de migrantes aos milhares de estrangeiros vivendo na “favela” conhecida como “Selva de Calais”, os habitantes desta cidade de origem operária, cuja economia sofre com o desemprego endêmico causado pela desindustrialização comum ao Nord-Pas de Calais, verão na crise uma razão à mais para abandonar os partidos de esquerda e, em especial, o PCF e experimentar o voto extremista das listas regionais e europeias do Front National.
Um sinal precoce da influência crescente da crise migratória sobre o estado de espirito do eleitor de Calais e do Calaisis foi a perda da prefeitura municipal dirigida pelo comunista Jacky Hénin, em 2008, à favor da direita republicana, após 37 anos de administração PCF.
Outros fenômenos socio-econômicos e culturais operaram este gradual deslize do voto operário do “Calaisis” em direção do FN. No entanto, como o mesmo estudo da Fundapol demonstra, o agravamento da crise migratória coincide com um forte crescimento do voto FN.
No primeiro turno da eleição presidencial de 1998, por exemplo, o partido nacional-populista realizou um escore de 11,4% dos votos válidos. Já em 2015, durante o primeiro turno das eleições regionais o voto extremista passou à 49,1% dos votos válidos. Uma consolidação eleitoral em torno desta formação eurofóbica que, mesmo que menos intensa, se repetiu no primeiro turno da presidencial deste ano com 37% dos votos depositados nas urnas do Pas-de-Calais en favor de Marine Le Pen.
Quanto à Jacky Hénin, que recebeu a reportagem de YAP na ante véspera do segundo turno das legislativas, no primeiro turno, não ultrapassou os 6% e foi eliminado da disputa final.
Se a correlação não é total, a crise migratória de 2014/2015 deixou traços na população que se sentiu atingida pelos transtornos que uma concentração consequente de refugiados pode trazer à uma modesta capital regional. Como explica o ex-proprietário de um café popular de Calais, * Franck, o problema atual da cidade foi causado, segundo este antigo eleitor comunista, “pelos migrantes”, diz ele. “Tem que admitir. Agora, não há mais um inglês no norte de Calais. Eles – os turistas e camioneiros ingleses – vão todos à Bélgica. (Antes) os ônibus paravam, eles (passageiros) faziam (a compra) de muito cigarro, de cerveja. Agora, não há mais nada, mais nada… O senhor vai dizer: é triste!”, resume.
Fora isso, como explicou Gisèle Coquerelle à Fondapol, ex-eleita local do PCF, nos antigos bastiões da esquerda comunista, principalmente compostos de operários de origem local, os partidos de extrema direita, anti-imigração, alimentaram boatos, infundados, de preferência dada aos migrantes no acesso à prestações sociais e à moradia subvencionada pelo Estado. Não só um tratamento preferencial mas “a expulsão de locatários (franceses) para acomodar migrantes”, conta Coquerelle.
Desmantelamento da “Selva”
A dita “selva” de Calais – favelas irregulares em torno das zonas portuária e da entrada do Eurotunel – teve duas incarnações.
Por volta de 2009, com o fechamento de um centro de acolhida e triagem no bairro de Sangatte, como explica o mesmo estudo da Fondapol, à partir de 1998, com a guerre do Kosovo, nos Balcãs, “a pressão migratória em Calais muda de escala”, ensina a fundação de pesquisa.
E neste contexto, de uma centena de kosovares refugiados no município do extremo Norte, que em 1999, em uma antiga usina de construção de paredes pre-fabricadas que serviram à construção do Eurotunel em Sangatte, este famoso centro de retenção é criado e, finalmente, colocado sob a direção de Cruz Vermelha Francesa.
Sangatte, de acordo com os dados da organização beneficente, rapidamente se viu assoberbada por uma explosão do número de migrantes em busca de pouso e assistência junto à esta estrutura estatal. Segundo os dados conhecidos, entre 1999 e 2002, cerca de 67 mil estrangeiros transitaram pelo centro durante o período de estadia e espera por uma solução.
O fechamento de Sangatte, anos depois, levou a formação de uma primeira “Selva”, demolida em 2009 sob Nicolas Sarkosy, e de uma segunda e mais vasta e populosa, desmantelada pelo governo sob François Hollande, em 2016. Desde então, o Estado tem procurado evitar a reformação de pontos de fixação ilegais de migrantes nas adjacências ainda que um punhado de migrantes ainda insista em permanecer na área.
A longo termo, o retorno da calma nos entornos de Calais é durável?
Novas Medidas
O governo atual, motivado pela preocupação de não permitir a formação de novas “selvas” nas proximidades do porto de Calais anunciou, ontem (12 de junho) um plano para modernizar o tratamento de todos os pedidos de asilo ou de residência protocolados junto às autoridades responsáveis pela regularização de migrantes na França.
O anúncio mais comentado e esperado, e que concerne diretamente à Capital “calaisiana”, é a intenção de dar os meios ao Escritório Francês de Proteção aos exilados e apátridas (EFPEA) de diminuir o trâmite dos processos de pedido de asilo à quatro semanas ou invés das sete semanas atuas.
O objetivo, segundo o governo de Édouard Philippe, é de “zerar” os processos de pedido de proteção depositados junto à EFPEA até 2018. Além disso, a nova administração do país, no documento distribuído à imprensa na tarde desta quarta-feira (12 de julho) declara a intensão de deportar a integralidade dos migrantes cujo direito de asilo não for confirmado pelas autoridades e que, por esta razão, são automaticamente candidatos ao afastamento do território hexagonal.
Em Calais as associações que assistem os migrantes “estacionados” na região, receberam o anúncio com circunspeção. Se por um lado, como explica Vincent De Coninck, responsável do serviço de assistência aos refugiados do Secours Catholique, uma instituição ligada a Igreja Católica, o interesse do governo de dar uma resposta mais expedita aos pedidos de asilo é bem vindo, ele lamenta que o plano se concentre, “sobre tudo”, nas medidas de repressão.
Isso porque, explica o ativista, ainda que o governo acelere a resposta aos pedidos de asilo, os candidatos à proteção que forem frustrados pelas autoridades locais, não poderão ser sistematicamente expulsos. “O afastamento (de todos os migrantes cujos pedidos de residência forem negados) é irrealista”, denuncia De Coninck. “De qualquer forma, uma parte dos migrantes sem direito ao asilo, devera ser regularizada”, acredita.
O que o militante pro-imigrante preconiza é a revisão geral dos dispositivos de acolhida na França bem como na Comunidade Européia. O necessário, de acordo com De Coninck, “uma revisão geral dos dispositivos de recepção europeus que são desumanos”, opina o assistente social.
Nas próximas semanas, e durante todo o verão francês, a YAP realizá uma série de reportagens aprofundando todos os temas que ajudam a explicar a debacle da esquerda neste bastião operário da França.
O próximo capítulo analisara a crise migratória, a realidade atual bem como a reconstituição da história deste fenômeno que marcou o eleitorado local.
*Nome do proprietário foi alterado à pedido do interessado.
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