Criminalidade em baixa e medo do terrorismo em alta na França, aponta estudo
A criminalidade na França apresenta uma tendência de queda pelo segundo ano consecutivo. É o que demonstra, globalmente, o relatório anual do estudo chamado de “vitimização” que permite identificar o volume da atividade criminal no país através de entrevistas junto à 16 mil franceses representativos da demografia hexagonal. Se a violência comum é menor, os recentes atentados colocaram o medo do terrorismo em primeiro lugar na lista de preocupações da população – ultrapassando, pela primeira vez, o desemprego que aparece este ano na segunda posição.
Esta consulta, que existe há dez anos, é produzida pelo Observatório Nacional da Delinquência e da Resposta Penal (ONDRP). O método de entrevistas individuais junto ao público permite ao Estado realizar uma espécie de recenseamento anual do número de vítimas e dos crimes cometidos no país bem como uma pesquisa de opinião junto à estes mesmo entrevistados que são convidados a exprimirem o sentimento que têm quanto ao nível de insegurança da sociedade.
Uma década após a publicação do primeiro relatório, duas conclusões gerais se insinuam: a criminalidade sofrida pela população acompanha a tendência mais ampla de queda dos últimos 30 anos – apesar de altas pontuais em função de diferentes contextos isolados – e uma teimosa estabilidade do sentimento de insegurança, contraditoriamente. Neste sentido, cerca de 20% dos entrevistados se declaram inseguros nas ruas ou à domicilio. Um valor que é, como estimou Christophe Soullez, diretor geral do ONDRP, consequente sem ser alarmante.
A título de exemplo, o roubo de carros, na última década, diminuiu de 53% e se mostra estavel nos últimos dois anos de pesquisa. Da mesma forma, o roubo de casas e apartamentos, com ou sem arrombamento, após uma alta acentuada em 2013, reencontra, de 2014 para cá, uma propensão de queda.
Por outro lado, se a baixa geral se confirma, Soullez, em coletiva esta semana, lembrou que outros tipos de crime parecem ter sido privilegiados pelos mal feitores. Para o criminologista, justamente, a missão policial de prevenção à violência terroristas, que faz parte do dispositivo chamado de “Vigipirate”, e que esta ostensivamente presente nas ruas das grandes cidades, teria contribuído também na queda dos crimes mais violentos que implicam forte risco de confronto e captura em caso de insucesso. O medo de ser alcançado pelos policiais incitaria o criminoso “a se voltar, em um fenômeno de transferência da delinqüência… em direção da ‘cybercriminalidade’.”, ensina o pesquisador.
E de fato, o chamado “crime digital”, em todas suas variantes, mais que dobrou em dois anos, evidencia a publicação. Bem como o roubo e furto de bicicletas, também em alta desde 2012, com mais de 350 mil casos. Aqui, Soullez lança a hipótese, mais sofisticada, mais cara e mais numerosa no trânsito, a bicicleta se tornou um dos alvos preferidos de criminosos que buscam um produto de alto valor, com grande exposição e pouca proteção e de fácil revenda.
Mas como explicar o paradoxo entre uma criminalidade em baixa e um sentimento persistentemente importante de insegurança justo aos franceses consultados? “O sentimento de insegurança é um indicador bastante subjetivo, ligado à fatores pessoais do tipo fragilidade física, social, etc… Quer dizer, quando você se sente fragilizado você pode transferir este sentimento no que diz respeito à percepção da delinqüência, por exemplo”, comenta o pesquisador. O simples fato, continua Christophe Soullez, de ter ouvido falar da comissão de um crime na vizinhança pode levar uma pessoa a se estimar mais ameaçado que em períodos anteriores. Para ele, “o sentimento de insegurança não esta ligado, nem ao fato de ter sido vítima, nem tampouco ao nível real da criminalidade em um determinado momento”, conclui.
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