Imigração/Canard Enchaîné – Ministro do Interior da França estaria “cansado de ser visto como o fascista de plantão”, afirma jornal satírico
O debate inflamado das últimas semanas em torno da política de imigração conduzida pelo atual governo francês – dirigido pelo primeiro ministro Édouard Philippe – estaria começando a aborrecer um dos principais executores deste plano de ação. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal satírico semanal Canard Enchaîné, célebre pelo humor corrosivo e pelos furos de reportagem que foram responsáveis pela queda de ministros e pelos naufrágios de candidaturas políticas, inclusive, presidências, o ministro do Interior, Gérard Collomb, teria confessado à íntimos sentir um mal estar devido às criticas das quais tem sido o alvo preferencial.
Collomb, ex-prefeito socialista da cidade de Lyon, no centro da França, se diz abandonado pelo governo que não o defenderia o suficiente contra as estocadas vindas da oposição e das associações humanitárias. Em especial, as organizações não governamentais (ONGs) do país que defendem o direito dos migrantes presentes no solo francês estão em pé de guerra com o ministro, entre outras razões, devido à recente circular de serviço editada no dia 12 deste mês. Como explicamos na semana passada, esta medida é vista com desconfiança por todas as ONGs envolvidas na luta pelo abrigo aos refugiados. O temor é que, por trás da busca de uma resolução expedita à super lotação dos albergues de urgência, o governo esteja planejando expulsões em massa de migrantes.
“A critica que eu tenho sofrido é um tanto desonesta”, teria confidenciado à próximos. “Se o que queremos é protejer os migrantes que têm as vidas ameaçadas nos países de origem, se tem que saber quem é quem.” se defende Collomb. Para o ministro, a circular que exige que os centros de abrigo de urgência recebam a visita de agentes do ministério que dirige não pretende “fichar” os migrantes em vista de recondução às fronteiras mas sim conhecer suas origens para acelerar o processo de concessão do status de asilado.
Uma intensão benigna que as ONGs refutam. Associações como a Liga dos Direitos Humanos, Albergue dos Migrantes, baseada em Calais, ou a Cimade de Paris – ouvidas na semana passada por You Agency Press – preferem acreditar em um efeito de dissuasão que estas visitas suscitariam. Na prática, o novo procedimento de orientação desejado pelo ministério do Interior levaria muitos dos migrantes desabrigados à escolher às ruas aos albergues públicos por medo de serem reenviados à fronteira ou aos países de onde vieram.
“Eu estou cansado de ser visto como o facista de plantão” do governo, reclama o chefe da policia na França. “A cada vez que eu me viro, eu tenho a impressão que não há ninguém… Eu tenho, ao invés, a impressão que Édouard Philippe recolhe os pontos de vista, recebe as associações mas não molha a camisa…”, teria lamentado o centrista.
O governo esta em regime de férias de final de ano, com um serviço mínimo em funcionamento no palácio Matignon, cede do governo. No entanto, desde os primeiro dia do novo ano a questão da política de imigração na França deve voltar à causar comoção entre os beligerantes conhecidos desta justa ideológica.
O órgão de vigilância conhecido como DEFENSOR DOS DIREITOS, dirigido pelo ex-ministro da era Jacques Chirac, Jacques Toubon, há duas semanas, em rara entrevista concedida a uma radio de grande escuta, anunciara o envio de uma missão à Calais para averiguar as denúncias de maus tratos feitas por ONGs locais e internacionais. Também no inicio do mês, governo promete abrir as discussões, em 11 de Janeiro, em torno da nova lei de regulação das regras de asilo e imigração que o presidente da república, Emmanuel Macron , deseja ver votada até junho de 2018.
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