O sábado (20 de outubro) seco e ensolarado em Paris confortou os milhares de brasileiro e dezenas de franceses que participaram de ato público de apoio à candidatura de Fernando Haddad do partido dos Trabalhadores (PT) na disputa pela Presidência da república e “Contra o Fascismo”. O segundo turno de uma campanha marcada, no Brasil e nas redes sociais pelo mundo, pela polarização e pela violência chega ao final em uma semana. No primeiro turno, na França, Ciro Gomes do PDT chegou na frente com 30 por cento dos votos válido, seguido do petista Haddad, em 2° lugar e de Jair Messias Bolsonaro do partido Social Liberal (PSL).
Neste inicio de final de semana o público presente a manifestação pró Haddad era também claramente Contra Ele. A rejeição em estado puro pelo favorito das pesquisas era palpável e visível nos cartazes, faixas e outros adereços trazidos pelos eleitores e por franceses apoiadores da candidatura petista.
Slogans como “Acorda Brasil”, “Ele Não” ou ainda “Militar é um Verbo” davam a idéia que estes brasileiros, reunidos na cidade luz consideram que o país natal corre um risco de volta da ditadura caso Bolsonaro seja eleito e que seus compatriotas que não estão convencidos deste risco precisam despertar para a realidade de um candidato que seria perigoso para o futuro da democracia.
Bianca Briguglio, Socióloga paulista, iniciou há um mês um doutorado em Paris, e por isso não poderá votar no domingo. Mas ela é o retrato do brasileiro temeroso de que haja retrocesso político caso o ex-capitão vença o segundo turno. Seu receio é tanto que confessar estar tendo problemas para dormir e trabalhar.
“existem pessoas que defendem o Bolsonaro… que já estão promovendo e praticando violência… Já está disseminado um ódio. É muito assustador.
De cara, a doutoranda evoca o clima tenso mesmo antes de uma possível ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência. “As pessoas LGBT, os negros e negras e as mulheres que já estão sendo perseguidos… já tivemos duas mortes como a do mestre capoeirista Moa do Katendê. Teve também uma travesti em São Paulo chamada Priscila no largo do Arouche… existem pessoas que defendem o Bolsonaro… que já estão promovendo e praticando violência… Já está disseminado um ódio. É muito assustador. E não tem essa de minoria. Todo mundo corre riscos quando grupos violentos começam à se organizar”.
Aos críticos bolsonaristas que alegam que as esquerdas praticariam uma espécie de terrorismo intelectual para impedir que o povo vote no líder da Extrema Direita ao apontar o risco de recuo democrático, se houver triunfo do pesselista, ela rebate, em primeiro lugar, com as próprias palavras do deputado ultraconservador. E de fato, “sem precisar de muita pesquisa”, acredita Bianca, é possível encontrar vídeos de bolsonaro menosprezando o voto como instrumento de reforma da sociedade ou opinando sobre como ele praticaria a execução sumária de pelo menos 30 mil adversários políticos ou ainda honrando a memória de um dos principais torturadores da ditadura instaurada em 1964 pelos militares, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
“Por outro lado”, continua, “Este movimento de anti-intelectualismo [liderado por Bolsonaro] e de minimizar o trabalho que vários pensadores, intelectuais e pesquisadores fazem é uma coisa fascista.”, crê. Ela também reflete sobre o próprio papel como pesquisadora onde “as pessoas acham que o que eu faço não é trabalho [mas] é uma questão de opinião. E elas esquecem que por trás do que parece ser uma opinião tem muita pesquisa, tem muito estudo”, ensina a cientista social.
O movimento mulheres contra Bolsonaro reuniu apoiadores da #EleNão na capital gaúcha
O movimento Mulheres contra Jair Bolsonaro, que pela hashtag #EleNão reuniu milhões de apoiadores nas redes sociais, fez neste sábado protestos contra a candidatura do capitão da reserva à Presidência da República pelo PSL.
Na capital gaúcha a manifestação aconteceu no Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção. Os porto-alegrenses enfrentaram o calor e comparecem em peso à manifestação, que encerrou com uma caminhada pelas ruas centrais da Capital. A hashtag também estava presente em camisetas, faixas e bandeiras, além de ser o grito de protesto mais repetido pelo público.
De Porto Alegre
Victoria Lermen