5º Ato dos Coletes Amarelo: A batalha continua, mas quem vai para a avenida?
A semana francesa foi funesta e obstruída pela profusão de manchetes urgentes pululando entre as telas e páginas da imprensa nacional e internacional. Segunda-feira, reagindo pela primeira vez em um mês ao movimento dos Coletes Amarelos, o presidente da república Emmanuel Macron fez novas concessões atendendo, em parte, às múltiplas, e por vezes contraditórias reivindicações nascidas desta revolta, inicialmente, fiscal.
As primeiras reações apenas começavam à surgir quando os olhos do país se tornaram em direção de Estrasburgo, nesta terça-feira (11 de Dezembro) e do mais recente massacre terrorista, que já custou a vida de quatro vítimas e deixou 12 feridos – um com morte cerebral declarada outros quatro entre a vida e a morte. Os apelos que se ouviam à meia voz até à noite do ataque – para que o 5º ato do movimento dos Coletes Amarelos fosse suspenso – em vista do perigo iminente de replicas terroristas, se tornaram numerosos e em volume audível. Mas a união nacional, como em outros golpes duros sofridos, não se fez desta vez.
No entanto, a divisão, entre moderados e radicais que se precisa entre os líderes de opinião deste movimento inédito, sem direção e sem chefias oficiais, embaralhou à mensagem dos Coletes Amarelos. Uns se dizem mais que determinados à obter ainda mais concessões fiscais, sociais, mas também reformas políticas. Outros, estimam que chegou o tempo do diálogo e da negociação e engrossam os apelos sindicais, políticos e do governo para baixar a clava forte sem fugir à luta.
Em Paris, cidade que tem conhecido espasmos semanais de violência nas ruas dos bairros abastados que sediam o poder nacional – palácio presidencial, Assembleia Nacional, Arco do Triunfo – Deve contar com o mesmo dispositivo de manutenção da ordem em operação na semana passada. Um esquema de segurança reforçado em tropas (8 mil agentes), meios (14 blindados) e com uma estratégia móvel e ofensiva que resultou na detenção preventiva de mais de 1 mil Coletes Amarelos que, segundo às autoridades, representariam um risco potencial à ordem pública. No 4º ato, esta doutrina não evitou cenas de batalha campal nas adjacências da avenida Champs Elysée, mas evitou um nível de caos similar à tem duas semana.
A obstinação de manifestar em uma via e em um bairro proibido para este fim, esta desobediência explicita, conquistou concessões que há um mês pareciam impossíveis mas que não agradaram à todos. É por isso que a jornada de amanhã é um teste em situação real do quão eficaz foram as medidas apresentadas por Emmanuel Macron e a fala presidencial.
Quem virá à Capital? Quantos eles serão? Em Paris mas em outras regiões da França? A respostas à estas perguntas reponderá uma outra ainda mais importante para o executivo: o movimento dos Coletes Amarelos se aproxima de uma trégua ou de novas batalhas ainda mais encarniçadas?
Histórico do movimento até aqui
No sábado, 17 de novembro, o primeiro dia de protestos, com bloqueios em estradas e rodovias, reúne cerca de 290 mil manifestantes em toda a França, em uma ação incomum, organizada fora de qualquer partido ou sindicato. Durante o dia dos protestos, uma pessoa morreu e 227 ficaram feridas, sete delas gravemente. No sábado, 24 de novembro, no “segundo ato” de sua mobilização, vários milhares de manifestantes se opõem às forças de segurança nos Champs-Elysées, em Paris. Um balanço oficial registra mais de106 mil manifestantes na França, 8 mil deles em Paris. Os confrontos deixam 24 feridos, 5 deles entre as forças de segurança e 101 detentos.
Na terça-feira, 27 de novembro, Emmanuel Macron anuncia que quer adaptar ataxação de combustíveis às flutuações de preços, bem como organizar um “grande acordo” em nível nacional. Não convencidos, os “coletes amarelos” pedem uma nova manifestação no sábado, 1º de dezembro, na Champs-Elysées. O terceiro ato no sábado, 1º de dezembro resultou em incidentes violentos em várias cidades da França e especialmente em Paris, onde cenas de guerrilha urbana são produzidas no Arco do Triunfo e em vários bairros prósperos.
Na terça-feira, 4, Edouard Philippe anunciou a suspensão por seis meses do aumento dos impostos sobre combustível e o endurecimento do controle técnico dos carros. O governo também congelará os preços da eletricidade e do gás “durante o inverno”. No dia seguinte, a presidência recua e anuncia o cancelamento definitivo do aumento de impostos sobre combustível. A oposição e vários “coletes amarelos” consideram estas medidas insuficientes.
O quarto sábado de protestos, dia 8 de dezembro, os coletes amarelos passaram por um dispositivo policial “excepcional” formado por 89 mil agentes das forças de segurança, dos quais 8 mil em Paris sendo que em Paris protestaram 8 mil pessoas. Veículos blindados também foram implantados na capital francesa.
Emmanuel Macron reconhece em 10 de dezembro, em discurso televisionado, que entende “como justa, em muitos aspectos”, a “raiva profunda” dos franceses. Anuncia um aumento de 100 euros no salário daqueles que recebem apenas o salário mínimo e que as horas extras serão pagas “sem impostos” complementares. Mas confirma que não vai restabelecer o Imposto Solidário sobre a Fortuna (ISF), uma das principais exigências dos “coletes amarelos”.
Insatisfeitos com os anúncios, os “coletes amarelos” convocam novos protestos para este sábado, dia 15 de dezembro. A You Agency Press que acompanha o movimento desde seu surgimento estará em Paris relatando os próximos acontecimentos dessa revolta popular francesa.
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DF contribuiu de Paris