De Paris
O ex-presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, teve aberta as páginas do principal diário da França, Le Monde, onde ele publica, em edição com data de amanhã à tarde. Em uma tribuna, o ex-chefe do Estado se defende das acusações que o condenam até o momento mas, principalmente, ele justifica politicamente a persistência da candidatura presidencial.
“Eu sou candidato à presidência do Brasil, em outubro, porque eu não cometi nenhum crime” cravou Lula desde a primeira linha do texto. Atualmente recolhido à carceragem da sede da Polícia Federal do Paraná, em cumprimento aos 12 anos e um mês de pena de prisão infligida pela Justiça Federal em processo ligado à operação Lava Jato, Lula ainda acredita que ele é o mais capacitado para que “o país retome o caminho da democracia do desenvolvimento”.
Mesmo no cárcere e condenado, o ex-chefe do Estado permanece líder das intensões de voto nas pesquisas realizadas por diferentes institutos de opinião. Em média, ele recolhe 30% dos votos dos eleitores consultados.
O ex-presidente, que na França ainda goza de prestígio popular e junto à classe política – em especial entre a militantes e responsáveis políticos da centro esquerda e da esquerda mais dura – tenta demonstrar, ao longo do artigo que assinou nas folhas de opinião do vespertino parisiense, que ele é vítima de uma perseguição político-judiciária encabeçada pelo juiz federal Sérgio Moro.
Como ao longo dos discursos de palanque que dispensou aos fiéis do lulismo durante o verão deste ano, Lula sustenta que o magistrado, instrutor dos processos com origem na operação Lava Jato que investigou crimes de corrupção supostamente cometidos por dirigentes e políticos ligados à Petrobras, é um peessedebista que se esconde por de trás da toga.
“Um juiz, notoriamente parcial, me condenou a doze anos de prisão por ‘fatos indeterminados’ “, dispara contra Moro. No fundo, explica o ex-chefe do executivo nacional, “meus problemas são irrisórios face ao sofrimento do povo brasileiro”.
Ele ainda se serviu da pluma que o Monde lhe estendeu para atacar entidades e personalidades que Lula vê como adversários por trás de ” uma campanha de difamação contra [mim] e [meu] partido vindo da mais poderosa sociedade de imprensa brasileira e de setores judiciários”. Uma crítica não velada à Rede Globo que, Segundo Lula, “monopoliza as comunicações no Brasil” e aos procuradores e juízes federais envolvidos na Lava Jato.
“Eu terminei meus dois mandatos com [cerca de] 87% de opiniões positivas. É o nível de rejeição do atual presidente do Brasil, Michel Temer, que não foi eleito [para o cargo que ocupa]”
O sucessor constitucional de Dilma Rousseff, atual chefe do Estado em posto após processo de impedimento que resultou na destituição da ex-chefe da Casa Civil de Luís Inácio Lula da Silva, também teve direito à uma flechada do antecessor. “Eu terminei meus dois mandatos com [cerca de] 87% de opiniões positivas. É o nível de rejeição do atual presidente do Brasil, Michel Temer, que não foi eleito [para o cargo que ocupa]”, fulminou o ex-primeiro mandatário encarcerado.
Ao terminar a missiva, que já circula na versão paga do sitio Internet do diário francês, os ex-presidente sustenta que, se ele deseja ser candidato à presidência neste ano, a escolha nada tem haver com uma ambição pessoal, mas que se convenceu de voltar ao páreo, encerra Lula porquê, “face ao desastre que se abate sobre o povo brasileiro, minha candidatura é uma proposta para reencontrar o caminho da inclusão social, do diálogo democrático, da soberania nacional e do crescimento em prol da construção de um país mais justo e mais e solidário”.