Santos Ofícios – Como a tradição mística das benzedeiras resistiu ao fogo dos zelotes católicos da Idade Média e atravessou gerações
Presente até hoje, as benzedeiras e os benzedeiros seguem tendo um papel ativo dentro das suas comunidades. A história dos santos ofícios, porém, leva-nos até o longínquo século XII, quando a prática ainda era tida como perigosa e herege.
No segundo capítulo da série YAP sobre benzeduras, um antropólogo e um historiador relatam sobre como o sincretismo religioso é responsável pelo que conhecemos hoje como benzeduras.
A crença popular nas rezas e benzeduras vem desde o Brasil Colônia, quando o acesso aos poucos profissionais da saúde era custoso e demasiadamente difícil. Unindo a fé aos recursos disponibilizados pela natureza, os benzedeiros e benzedeiras criavam fórmulas naturais em busca da melhoria de enfermidades.
A diversidade e a importância da tolerância são traços onipresentes nas obras de João Baptista Borges Pereira, antropólogo e professor emérito da USP. O pesquisador conta que a origem destas práticas para-medicinais remete àquelas realizadas por tribos indígenas. Com a figura dos pajés, os curandeiros de cada grupo, essa tradição também está, especialmente, na região amazônica.
Com o desembarque dos portugueses em solo brasileiro, mesclaram-se as crenças indígenas com a herança do catolicismo europeu. “Em Portugal, à época, as mulheres ou eram benzedoras ou eram vistas como bruxas demoníacas. Já no Brasil, as benzedeiras acabaram criando um sincretismo, misturando influências indígenas e africanas, ligada às influências portuguesas. Elas tinham uma preocupação grande de fazer o bem. As benzedeiras fundamentalmente são pessoas do bem”, define o professor.
O historiador Oséias de Oliveira corrobora as percepções de Pereira. Ele relembra que esse estigma pejorativo remonta aos séculos XII e XIII, no período em que a Igreja fazia a caça às bruxas. Acusadas de hereges, as benzedeiras eram tidas como oficiosas do diabo, perigosas. Assim como as outras acusadas de bruxaria, o destino de muitas benzedeiras foi carbonizado pelas fogueiras da Inquisição.
Para conhecer o resto desta história, fique ligado no próximo capítulo dessa série mística, mas científica, que YAP oferece aos seus leitores. Curta, siga e compartilhe nosso trabalho!