Caso Benalla: “que eles venham atrás de mim”, lança Macron aos adversários
Pondo fim a um silêncio estudado, o presidente da República francesa se exprimiu pela primeira vez, diante de aliados, sobre o caso envolvendo o ex-subchefe de gabinete Alexandre Benalla. Este guarda costas de formação, de apenas 26 anos, foi flagrado agredindo manifestantes no dia 1° de maio quando participava de uma missão de observação junto a tropa de choque.
A revelação da identidade deste especialista da segurança de personalidades públicas foi o gatilho de uma crise política em torno do tratamento do caso pela hierarquia do funcionário de confiança e próximo do chefe do Estado. O caso expôs o atual ocupante do palácio Élysée às críticas da oposição que o acusam de incoerência e de hipocrisia. O candidato Macron, durante a campanha de 2017, se declarava via como um arauto da transparência e da exemplaridade no serviço público.
Emmanuel Macron, presidente em estado de sítio midiático desde o início do caso Benalla, se exprimiu sobre o assunto pela primeira vez. No final da tarde desta terça-feira (24 de junho), o chefe do Estado francês, diante da bancada do partido governista La République en Marche (Lrem), em evento de confraternização em Paris, declarou que ele se via como “o único responsável” pelos atos do ex-assessor Alexandre Benalla. Aos adversários políticos ele lançou:”que venham atrás de mim”.
“S’ils cherchent un responsable, le seul responsable c’est moi et moi seul” dit #Macron devant les députés à la maison de l’Amérique latine. “Qu’ils viennent me chercher.”
“Se eles buscam um responsável, o único responsável sou eu e somente eu”, diz #Macron diante dos deputados. “Que eles venham atrás de mim.” Agathe Lambret via Tweeter
Aos parlamentares Lrem ele se disse traído pelos desmandos do ex-colaborador. No entanto, ele lembrou que ele não busca “fusíveis” para cortar a tensão criada pelas revelações do Le Monde. “Não é a República dos fusíveis, do ódio. Não se pode ser chefe [apenas] quando o tempo é bom”, declarou Macron.
O primeiro magistrado da República, com esta frase, indica aos ministros envolvidos no caso, em especial Gérard Collomb do Interior, que ninguém deve ver seu cargo cortado pela guilhotina “Elizeana” por conta deste curioso affaire; pelo menos por enquanto.
Durante todo semana, duas CPIs – uma na Assembleia Nacional e outra no Senado – tem oitivas previstas. Em paralelo, uma sindicância da Inspeção Geral das Polícias Nacionais promete repostas até sexta-feira (27 de julho).