Dia de greve geral coloca sindicalistas e Coletes Amarelos lado à lado em Paris pela primeira vez desde o início do movimento de revolta popular
Entre 30.000 e 18.000 pessoas, entre sindicalistas e militantes Coletes Amarelos, desfilaram hoje (05 de fevereiro) juntos pela primeira vez em Paris desde o início da revolta popular que tem mantido a pressão social sobre a presidência de Emmanuel Macron na França. O dia de Greve Geral, convocada inicialmente pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e chancelada por figuras populares entre os ativistas amarelos, se deu sob o tema da convergência das lutais defendidas até agora em paralelo pelos dois movimentos.
***Esta versão do presente artigo será atualizada
Seguindo a orientação de grande parte das figuras influentes do movimento dos Coletes Amarelos (CAs) os militantes deste movimento que já dura 3 meses se juntaram à GCT, na tarde de hoje (05 de fevereiro) pela primeira vez desde o início desta revolta popular, durante à passeata parisiense deste dia de greve geral convocada pela central histórica do movimento sindical francês. A frente única inédita pode representar um primeiro passo em direção à convergência de lutas sociais e da reconciliação entre as centrais sindicais do país e os ativistas CAs que desde o princípio se mostram hostis aos partidos políticos bem como aos sindicalistas franceses vistos com desconfiança.
Em um retorno à velha batalha de números a CGT reivindicou 30.000 pessoas nas ruas de Paris e a Prefeitura de Polícia de Paris afirmou que eles foram apenas 18.000. Em todo o país, ainda de acordo com o Interior, eles foram 137.200 à protestar. Apesar do número de manifestantes, em ambos os casos, representar uma fração diminuta se comparado com passeatas e jornadas de ação organizadas pelas centrais sindicais no passado recente, a cifra de hoje representa o dobro dos ativistas contabilizados pela polícia ou por organismos independentes presentes ao chamado “12º Ato” dos Coletes Amarelos tem 2 dias também na Capital.
O maior afluxo de público na tarde de hoje não acarretou uma escalada no nível da violência engendrada pelo choque entre os Coletes Amarelos mais agressivos e as forças da ordem – um fenômeno que se tornou habitual nos finas de protestos CAs. Na chegada do cortejo único à praça da Concórdia, à parte um curto momento de tensão que se produziu no cair do dia, nenhum incidente foi observado.
No entanto, no momento do fechamento desta matéria, pequenos bolsões de conflito foram reportados pela agência de imprensa AFP e pela rede de informação pública France Info. O perímetro nos entornos da Concórdia foi fortemente protegido pelas tropas de Choque (CRS) devido a presença de diversos sítios sensíveis nos arredores – entre outros, o palácio presidencial do Élysée, a embaixada norte americana ou ainda o palácio Bourbon que sedia a Assembléia Nacional.
Alguns do Coletes Amarelos com quem conversamos faziam questão de deixar bem claro a independência do movimento em relação ao mundo sindical de um modo geral e a GCT em particular. No entanto, os CAs que falaram à reportagem de YAPMAG exprimiram o desejo de ver os sindicatos mais presentes no movimento iniciado tem 3 meses. Eles pensam que uma convergência de lutas com maior “ajuda” da parte das centrais na pressão que buscam exercer sobre o governo poderia amplificar as conquistas sociais e políticas que os CAs buscam.
Já do lado dos filiados à CGT que desfilavam pela primeira vez em uma frente comum com os Coletes Amarelos, o sentimento geral é de que a base sindical também gostaria de ver as direções lado à lado com a revolta popular amarela. Entretanto, no momento, os militantes com quem discutimos hoje à tarde nos explicam que ainda à um atraso em termos de reação por parte dos dirigentes. Mas no que diz respeito à reivindicações e ao método de pressão permanente aplicado pelos CAs durante os últimos 3 meses, mesmo os cegetistas da base se dizem solidários em vários pontos.
Projeto de lei polêmico
No mesmo momento em que a passeata parisiense se encerrava, do outro lado da praça da Concórdia, no palácio Bourbon, o projeto de lei anti-vandalismo, que visa prevenir as violentas confrontações entre agitadores e policias durantes as manifestações de rua foi aprovada com facilidade na Assembléia Nacional. Ainda que cerca de 50 deputados do partido La République en Marche (Lrem – macronista) tenham se abstido, o projeto recolheu 387 votos à favor e 92 contra. Todo o bloco de esquerda votou não à iniciava governamental que visa proibir administrativamente certos agitadores considerados como violentos de participar de manifestações públicas – sob pena de condenação penal e multa em caso de descumprimento.
A deputada do partido La France Insoumise (FI) de um dos distritos eleitorais do departamento da Seine-Saint-Denis Clementine Autain, assim que o resultado foi conhecido, declarou pelo site de microbloging Twitter que a aprovação em primeira leitura do plano “é um recuo [das liberdades civis] assumido por [Emmanuel] Macron”. Como a legisladora da esquerda radical, ONGs, sindicatos de magistrados e advogados e partidos de esquerda consideram o projeto como inútil e liberticida. Duas palavra que se ouve seguidamente nos debates pela mídia ou na Assembléia Nacional.
O ultra-conservador Éric Ciotti, deputado de Nice do partido de oposição de direita Les Républicains, da sua parte, não só votou sim mas aprova sem reservas a iniciativa do governo. Diz ele, que, face ao caos observado ao final das manifestações Coletes Amarelos, “nada pode justificar a torrente de violência particularmente preocupante que gangrena cada manifestação já tem vários meses”, justifica.
O projeto agora sobe para o Senado da República que pode retocar o atual texto. Neste caso, um voto em segunda leitura é necessário. A previsão é de que, visto a urgência com à qual o governo dirigido pelo premier Edouard Philippe deseja ver este projeto aprovado, que ele deva voltar à câmara baixa francesa até o mês de maio.
DF de Paris
Outras informações e intervistas em uma segunda edição