Reflexão e consulta à políticos marca o início da 3ª semana de crise social na França

Dois dias depois dos episódios insurrecionais ocorridos em Paris e que levaram à Capital a reviver cenas de caos e violência que lembram um longínquo passado da 5ª República, esta segunda-feira que abre a 3ª semana da crise nascida do movimento dos Gilets Jaunes – Coletes Amarelos –  foi de consulta, reflexão e cobranças. Enquanto isso, o presidente Emmanuel Macron se recolhe em um mutismo estudioso, segundo fontes internas do palácio Elysée.

O primeiro Ministro, Edouard Philippe carrega o piano da concertação, em mais de 12 horas de audiências com quase todas as forças políticas da nação em busca de orientação e de escuta. No entanto, até o fechamento desta matéria, a esperada reunião com uma nova representação de Coletes Amarelos surgida no domingo foi anulada. Se dizendo ameaçados pela falange mais radical do próprio movimento, os 10 membros desta comissão “construtiva” preferiram abortar a missão de negociação.

O ministério do Interior revisou os números do sábado (1º de Dezembro). De acordo com as autoridades de polícia, em todo o território francês, cerca de 130 mil manifestantes participaram dos protestos ligados ao movimento de revolta fiscal e social. Em Paris, eles teriam sido cerca de 10 mil. Um aumento de quase 50% em relação há uma semana.

Retorno à um dia agitado no topo do Estado francês em crise tem três semanas:

Três semanas depois do primeiro chamado à manifestação dos Giliet Jaunes – Coletes Amarelos (CAs) – e dois dias depois de um segundo sábado negro em Paris o topo do Estado se lança em um período e ampla e curta reflexão. Isso porque a violência sem precedentes recentes que a Capital conheceu neste final de semana corre o risco de se repetir no próximo. Um novo evento Facebook foi criado por representantes do CAs e chama os adeptos do movimento de revolta fiscal e social à voltar a praça Étoile em 8 de dezembro para manifestar contra o presidente da república, Emmanuel Macron, e contra o governo dirigido por Edouard Philippe.

Ontem (2 de Dezembro), o prefeito de polícia de Paris, Michel Delpuech, em coletiva, disse que a cidade conheceu um episódio de violência “inédito” e “extremo”. “Martelos  (…) rolamentos em aço (…) utensílios de jardinagem”  teriam servido de instrumento contra as forças da ordem. Cenas que os profissionais de segurança “experientes”, pela descrição de Delpuech, “nunca conheceram fatos tão violentos e determinados”.

De acordo com a Prefeitura de Polícia de Paris, as autoridades procederam à 412 detenções que resultaram em 378 prisões preventivas. No entanto, estes “arruaceiros”, conforme estimativas oficiais, representam 10% do total de manifestantes belicosos presentes nos entornos do Arco do Triunfo no sábado passado. Eles teriam sido algo entre 3 mil à 4 mil, informou Delpuech.

O Corpo de Bombeiros também foi solicitado com intensidade inaudita. Assim que as chamas deram lugar a fumaça e fuligem, o ministério do Interior recenseou 249 focos de incêndio declarados, sendo 113 automóveis e dois prédios no entorno da praça da Étoile.

Ontem, O chefe do Estado, assim que retornou dos dois dias de reunião do G20 em Buenos Aires, capital da Argentina, se recolheu em fronte ao Arco do Triunfo, monumento em homenagem aos soldados mortos pela França e que acolhe o túmulo do soldado desconhecido da Primeira Guerra Mundial e que foi vandalizado por ativistas radicais. Ele ainda caminhou pela avenida Kléber adjacente para inspecionar os estragos em uma das vias mais atingidas pela fúria do dia anterior. No caminho, Macron foi vaiado por passantes. Outros reagiram à presença do presidente com gritos de “Macron demissão”.

Desde então o chefe do Estado e, segundo a fórmula consagrada, primeiro magistrado da nação, tem se mantido mudo em um momento em que muitos esperam pela palavra e pela ação do jovem presidente. No entanto, de acordo com fontes anônimas próximas do palácio Elysée ouvidas pelo quotidiano Le Monde, Emmanuel Macron estaria em um “momento de reflexão”.

Segundo estas mesmas fontes, é grande a pressão para que o chefe do Estado aceite um proposta que ganha força entre os parlamentares da base governista de abrir mão da taxa Ecológica que foi o estopim da revolta e suspender o início da vigência, prevista para 1° de janeiro próximo, e assim estabelecer uma “moratória”.

François Bayrou, prefeito de Pau e um dos principais líderes centristas do país e que foi uma peça importante na construção da coalizão que levou Emmanuel Macron ao segundo turno e a vitória – um aliado –  declarou à rádio generalista Europe 1 que “não se pode governar contra o povo”. Um recado semi-velado ao presidente da república que vai no mesmo sentido dos deputados macronista. O que uma ala governistas espera é que o presidente abra mão da medida na origem da crise como prova da vontade do governo de agir concretamente sobre os problemas de custo de vida que este movimento inédito trouxe à mesa.

Enquanto isso, em Paris, o premier Edouard Philippe iniciou uma rodada de consultação das principais lideranças políticas do país que durou todo o dia e toda à noite.  Amanhã, seguido à uma tribuna publicada no semanário JDD assinada por 10 lideranças dos Coletes Amarelos,  um encontro com esta ala “construtiva” estava previsto.

O problema é que Cédric Guémy, representante CA da região Ile-de-France, por exemplo, já havia avisado, hoje pela manhã, que não iria ao encontro. Para ele o governo não lhe parece suficientemente disposto à concessões. Além do mais, ele explicou que tem sofrido ameaças de morte da parte de outros CAs radicalizados que consideram que o diálogo com o governo é uma forma de derrota.

Mesma melodia do lado de uma das personalidades públicas mais populares entre os Coletes Amarelos, Jacline Mouraud.  “Nós estamos todos sob ameaça. Ameaças de morte, por correio eletrônico, pelas redes sociais, telefone. [Neste final de semana] Notadamente contra meus filhos.”, conta esta motorista cujo vídeo de desabafo viralizou ao ponto que desde outubro ela já era vista como uma das portas-estandarte deste movimento então nascente.

Nestas condições, ela declarou à rede pública de jornalismo 24 horas France Info que ela não iria à Matignon nesta terça-feira. Mouraud ainda criticou aqueles que não querem que uma negociação seja engajada entre o movimento e as autoridades. “Temos que ser coerentes. O movimento se torna incoerente. Nós temos um encontro [com o primeiro ministro] que não poderemos honrar. Há 80% dos CAs que pensam que o movimento tem que se estruturar e 20% que querem quebrar tudo e não encontrar uma saída para a crise”, reclama.

A representante moderada dos Coletes Amarelos também atacou o que ela considerou como uma passividade do governo que segundo ela demorou a reagir. “A situação degenerou”, diz ela. Quando ao futuro da negociações, nestas condições, ela acredita “que é tarde demais” para o dialogo.

Uma avaliação justa, posto que no final da tarde, um outro membro do coletivo de construtivos, Benjamin Chauchy, comunicou à Matignon e a imprensa que eles anulavam o encontro com o premier.  Até o fechamento desta matéria a anulação estava mantida.

Os partidos dão a receita

Desde a semana passada, os pólos mais opostos da política hexagonal, representados pelo movimento da France Insoumise (LFI) à esquerda e pela extrema direita xenófoba dirigida pela dinastia hereditária Le Pen (RN) são as principais forças a pedir a destituição da Assembléia Nacional e eleições gerais proporcionais.

Não por coincidência, estes partidos com forte teor populista no discurso e na plataforma, gostariam que este movimento dito independente resultasse numa espécie de relançamento eleitoral. Ainda que presentes na câmara baixa do Parlamento Nacional, o sistema eleitoral da 5ª República – instaurada em 1958 – é sabido privilegiar as forças políticas dos partidos de governo da esquerda e da direita à partidos mais ativistas e agitadores como a LFI e o RN.

Uma eleição proporcional inflacionaria o número de eleitos da esquerda radical bem como da extrema direita dificultando a escolha de um novo primeiro ministro e de um governo devido a relação de força potencialmente pulverizada saída das urnas, à exemplo de países como a Bélgica ou a Itália que, a cada pleito nacional se encontram sem uma maioria clara e na necessidade categórica de encontrar coalizões de governo seguidamente heteroclitas.

Marine Le Pen do Rassemblement Nacional – União Nacional (RN) – ao deixar a reunião com Philippe no palácio Matignon não perdeu a oportunidade de fazer uma analogia histórica contestável e uma correlação entre imigração e crise social que a maioria dos números oficiais não conforta. Ela denuncio a intensão de um tratado multilateral por uma imigração continua e ordenada que o governo pretende assinar nos próximos dias na capital do Marrocos, Marraquexe. Este acordo será implementado em um regime de voluntariado. Mas para a deputada extremista do Norte o orçamento do Estado não teria os meios de pagar pela “submersão total e organizada do território nacional pela imigração”.

“Se Emmanuel Macron não quer ser o primeiro presidente em um meio século à atirar contra franceses, é necessário que as soluções sejam importantes, audíveis e imediatas”, lançou, igualmente, a presidente do  RN.

Quando a finalista derrotada da última eleição presidencial evoca o espectro da Comuna de Paris de 1871, do levante de extrema direita de 4 de fevereiro de 1934 ou ainda as jornadas de insurreição estudantil e sindical de maio de 1968, outras medidas tecnocráticas podem parecer irrisórias. Ainda assim, Le Pen contou que teria sugerido ao governo o anúncio imediato da suspensão da taxa ecológica sobre os combustíveis, a redução da conta de luz e gaz, e o aumento do salário mínimo e das aposentadorias.

Outro derrotado das eleições presidenciais de 2017, o socialista Benoit Hamon, hoje à frente da corrente interna do Partido Socialista (PS) Génerations.s, quer à volta às urnas – mas para uma consulta por referendo sobre a o tema, na prática, da oportunidade ou não de uma nova constituinte “que coloque em questão todas as instituições da 5ª República”, defende.

Laurent Wauquiez, o presidente direitista do partido dos Republicanos – formação política do ex-presidente da república Nicolas Sarkosy – também sugere a organização de um referendo. Entretanto, para Wauquiez, a consulta deveria portar sobre temas ligados a transição ecológica.

Tom alarmista da parte dos centristas de direita da União Democrática Independente (UDI). O presidente deste partido tradicionalmente aliado dos Republicanos, Jean-Christophe Lagarde, como quase todos os líderes políticos nacionais do país, quer que Macron ceda e suspenda a cobrança da taxa que revolta os Coletes Amarelos.

Mas ele acha que este “gesto forte (…) não será suficiente”.  Para ele é preciso “gestos sociais e simbólicos”, sem os quais a situação escaparia ao controlo do poder.

Mesma inflexão da parte de Emmanuel Macron e do Governo Philippe foi exigida pelo primeiro secretário do PS Olivier Faure. Moratória mas também o retorno ao Imposto Social sobre a Fortuna (ISF) sob a fórmula existente antes da reforma Macron. Medidas de urgência que seriam uma “pré-condição para a abertura do dialogo”. Contudo, o chefe dos socialistas franceses chama o governo a vir a mesa para “uma discussão ampla sobre o poder aquisitivo”.

“Júpiter precisa descer do Olimpo”, dispara o primeiro secretário contra o chefe do Estado. Caso contrário, Olivier Faure não exclui assinar a petição de desconfiança contra o governo de Edouard Philippe inciada pela France Insoumise e pelo grupo Comunista na Assembléia. A aprovação de tal petição parlamentar implicaria na queda imediata do governo.

Outra socialista ouvida pelo premier nesta terça-feira foi a deputada Delphine Batho da corrente Géneration Écologie. A ex-ministra do Meio Ambiente sob François Hollande, como a delegação do Partido Verde/Europa Ecologia (PVEE), não abre mão da nova taxa. Contudo, a parlamentar sugere que um ISF ecológico seja criado “porque os ricos poluem mais” diz ela. Além disse, Batho defende que os gastos com a transição ecológica não sejam incluídos no orçamento para efeitos do calculo do déficit público.

Escalada

A reportagem de YAPMAG esteve presente nas três jornadas nacionais de protesto e, mesmo visualmente, se pode perceber uma escalada.

No dia 17, no meio da tarde, ouve um momento de confusão mas que, após uma carga de lacrimogêneo nos arredores do palácio do Elysée, o cortejo de CAs desfilou em ordem até a praça da Concórdia no desembocadouro da avenida Champs Elysée.

Um semana depois, a mesma avenida foi defendida por tropas de choque que passaram um dia difícil na tentativa de conter vândalos de todos os gêneros e de afastar aos poucos os manifestantes mais pacíficos concentrados na praça Étoile. Ao cair do dia, a maior parte dos CAs obtemperaram e poucos saqueadores ainda enfrentavam as forças da ordem.

Tem dois dias, das 9h 30 minutos até o início da noite, os manifestantes que queriam jogar o jogo e passar pelas barreiras de triagem propostas pelo Interior e ter acesso a uma zona reservada sobre a Champs Elysée, foram impedidos de chegar à este pontos de revista. Isso porque, conforme relatou o ministro do Interior Christophe Castaner, no meio da noite de hoje em audiência aberta da Comissão de Leis da Assembléia Nacional, se no início da manhã deste sábado fatídico o sistema de filtragem operado pela polícia funcionava conforme esperado, pouco antes das 10 horas os grupos de “Ultras” – esquerda e direita – foram à carga contra as tropas de choque marcando o início da batalha campal que reinou todo o dia e parte da noite.

Na mesma sessão da comissão parlamentar, que cobrava explicação de Castaner e do seu adjunto, questionado sobre as medidas previstas para a defesa do Arco do Triunfo – que foi profanado repetidas vezes – ele revelou que o policias “perderam o local” por seis vezes e “por seis vezes eles reconquistaram” o emblemático monumento. Ele ainda confirmou que havia uma avanguarda extremista de agitadores de extrema direita, mas também de extrema esquerda. No entanto, visto o perfil dos detidos, o primeiro policial da França pensa que uma radicalização se operou ao ponto que uma parte dos Coletes Amarelos também agiu “dentro de uma lógica de quebradeira”. Estes manifestantes agressivos, de acordo com a estimativa do Interior,  “eram e entre 3 mil à 5 mil”, estimou o chefe das polícias.

Christophe Castaner aproveitou a ocasião para mais uma vez pedir aos organizadores múltiplos deste movimento,  a suspensão das manifestações parisiense chamadas para o 8 de dezembro.

A saída da crise repousa sobre os ombros do chefe do Estado

Mas então, como sair da crise? Para o sociólogo especialista dos movimentos sociais na França, Jean-Paul Fabre , professor na Universidade de Panthéon Sorbonne em Paris,  face à “um movimento totalmente atípico”, em que toda a tentativa de encontrar um interlocutor parece fadada ao fracasso, a maneira de superar o impasse repousaria sobre os ombros de Emmanuel Macron.

“Os únicos que podem encontrar uma saída para esta situação [são os membros do] executivo. Não é necessário uma negociação. É suficiente [um conjunto de] anúncios.

Mas quais anúncios dissipariam uma escalada da bronca social e da violência na Capital?

Neste momento em que, no ambiente fechado do Facebook, porta-vozes, coordenadores e representantes surgem à todo momento, eis Thierry Paul Valette, Coordenador dos Coletes Amarelos de Paris.

Ele foi aos estúdios de uma rede de tevê do serviço público para acompanhar a oitiva do ministro do Interior. Este, como já dissemos, clamou pelo fim das manifestações na Champs Elysée. Valette, ao ser perguntado diretamente pelo âncora da edição especial se ele atendia ao pedido de Castaner, este deu uma resposta, que na França, é conhecida como uma resposta de normando – habitantes do norte cuja reputação popular os atribuí  uma certa tendência a indecisão quando instados à tomar posição.

Sem assumir a responsabilidade do movimento pelas cenas caóticas dos dois últimos finais de semana, o coordenador parisiense explica que “se o governo não é capaz de garantir a segurança dos manifestantes que pacificamente foram à Paris [para protestar] (…) (… ) eu não quero os enviá-los à perda”. Uma forma de dizer que, sem desautorizar o encontro, o melhor, nesta situação de forte tensão, é que os adeptos do movimento fiquem em casa ou manifestem em uma outra região onde o risco de confronto é mínimo.

Ele também não foi taxativo quanto as medidas fortes que poderiam desarmar os espíritos e evitar uma grande concentração de Coletes Amarelos em Paris no dia 8 de dezembro. Entretanto, Valette deu pistas: “A volta do ISF, [medidas] de revalorização salarial, moratória da taxa Ecológica” sugeriu.

Um coquetel com as mesmas prescrições feitas durante o dia de hoje pela  maior parte das formações politicas do país. E como o sociólogo Jean-Paul assinalou, Thierry Valette acredita ele também que “o presidente tem os meios de fazê-lo.”  “Porque não o faz’, se indaga o ativista, ao final.

Policiais se dizem exauridos e pressionam o executivo

O chefe do Estado ainda é pressionado pelos sindicatos de polícia a decidir em favor do CAs através de medidas que vão no sentido de um alívio da pressão fiscal e social. Eles se dizem extenuados pelo nível de violência e pela dificuldade de contenção do vandalismo que os ativistas mais coléricos e belicosos impõe.

Todos defendem a volta do estado de emergência, uma hipótese que não foi afastada completamente mas que não esta sobre à mesa neste momento, segundo declarou o ministro do Interior pela manhã.

Preocupados com a possibilidade de mais um dia de insurreição na Capital, todos os sindicalistas das forças da ordem se reunirão com o primeiro ministro nesta terça para, no mínimo, repensar o dispositivo de segurança durante este período turbulento.

“O único problema estratégico que tivemos foi a falta de efetivos. Como ser eficaz e operacional face a milhares de selvagens em frente à nós”, reclama o secretário geral adjunto do sindicato Alliance Police Nationale. Uma formação que tem enfatizado o número insuficiente de coturnos entres os efetivos da polícia militar que permanece confrontada aos rigores do plano vigipirate de proteção anti-terrorista.

Lagache confessa que o “risco zero” em casos de controle da ordem não existe. Mas acha que, com mais colegas de farda atuando lado à lado “poderíamos ter tido uma foram mais reativa de atuação. Se nós fomos atacados é por que nós não somos suficientemente numerosos”, opina.

E os estudantes?

As comparações com os eventos insurrecionais de maio de 1968 são recorrentes neste momento. E não sem razão, posto que, como pudemos constatar no contato com os manifestantes durante os três finais de semana precedentes, mesmo os mais pacifistas manifestam um desejo de desobediência e de desafio explícito à autoridade.

No entanto, a comparação para aí. As jornadas de 68, vistas por uma parte da doxa historiográfica como pré-revolucionarias, tinham lideranças estudantis e sindicais. Com base em plataformas precisas foi possível sair da crise. Em especial as negociações trabalhistas na sede do ministério do Trabalho da rua Grenelle permitiram o desfecho da agitação operária encabeçada pela CGT de confessão comunista.

Mesmo que os tratados de Grenelle sejam emblemáticos do final de crise, o estopim do maio de 68 foi estudantil. Partiu de um reduto de estudantes maoistas da faculdade de Nanterre e se espalhou pela Sorbonne e pelo bairro do Quartier Latin que abriga, desde sua origem, a multissecular instituição.

As reivindicações trabalhistas vieram mais tarde e a unificação dos movimentos pôs Paris a fogo e a sangue por semanas. Mas desta vez é o mundo do trabalho que encabeça a revolta.

E os secundaristas, apesar de oficialmente se manterem afastados, estão se rebelando por si só. Eles bloquearam cerca de 150 escolas do ensino médio no país – em especial no sudoeste – para protestar contra as reformas do sistema de acesso à universidade.

As novas regras são rejeitadas pelos alunos do 2º grau que denunciam  uma elitização da seleção em detrimento de estudantes oriundos de meios escolares mais modestos. Incidentes de confronto com as forças da ordem foram registrados em poucos sítios ocupados e de gravidade bem mais branda que as que a Capital conheceu no sábado anterior.

A Unl – União Nacional dos Secundaristas – não pede pela fusão das lutas mas não se opõe à adesão individual dos seus membros caso estes queiram se solidarizar aos Coletes Amarelos. O presidente da Unl, Louis Boyard, pensa que os estudante temem a instrumentalização da plataforma de lutas secundarista devido a submersão do movimento nas águas mais profundas dos  CAs. “seguidamente, quando há um reagrupamento de não jovens e de jovem são os jovens que se apagam e com eles nossas reivindicações. É na verdade o medo que tem os jovens de perder suas reivindicações próprias”, explica o braço de separação que o sindicato estudantil mantém em relação à agitação geral do momento.

A o principal sindicato de de estudantes universitários da França, a Unef, e, comunicado informa que, no momento, não tem planos de se juntar a agitação amarela. Para a Unef, as pautas dos estudantes não concernem os Coletes Amarelos e vice-versa.

DF de Paris

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